terça-feira, 6 de outubro de 2015

terça-feira, 23 de junho de 2015

Na noite de São João

Sardinha e martelos
São parte do São João.
No ano podemos tê-los,
Mas como nesta noite não.

Na noite de São João
Há sardinhas e orvalhada.
Ninguém se incomoda, então
A festa é até de madrugada...


domingo, 21 de junho de 2015

Antes de começar


...
O BONECO — Pois eu, todas as noites, quando o tambor do Homem já vai longe, levanto-me e vou espreitar para fora...
A BONECA — Nunca te vi assim!... Às vezes sentia puxarem por mim mas julgava que era o Homem... e deixava-me estar boneca...
O BONECO — Se eu soubesse que tu eras como eu!
A BONECA — Se eu soubesse que também tu eras assim!
O BONECO — A culpa é tua! Eu bem puxei por ti todas as noites!
A BONECA — Que pena! E eu que não adivinhei que eras tu! Olha, perdoas? Tu não imaginas como eu sou tímida!...
O BONECO — É asneira!...

...
A BONECA — (...) Se o que sai do coração fosse igual ao que está por dentro... Não seria uma simples boneca vestida de seda... Era outra coisa, era o próprio coração por dentro. Nunca viste um coração por dentro?
O BONECO — Vi. É uma boneca vestida de seda.

"Antes de Começar"
Almada Negreiros

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Etiquetas


É verdade, tenho um problema com etiquetas. Não suporto esses pedacinhos irritantes e pegajosos de uma espécie de papel que se colam às coisas, às roupas e às pessoas como se as possuíssem. Como se fossem a sua essência, como se sem eles ficássemos perdidos… Sem saber nada, nem uma pista sequer da sua identificação.

Deus nos livre de isso acontecer. De chegarmos, olharmos e não haver sequer uma pista do que aquilo é. Olharmos estremunhados sem saber o que chamar, o que dizer, o seu “valor”… 

terça-feira, 19 de maio de 2015

Uma estabilidade desiquilibrante


São estas as linhas que nos unem. Estas linhas absurdas de uma irrealidade consistente. Estes pedaços de tempo e espaço que me ligam a ti. Vermelhos, feitos do teu desespero e do meu amor. Feitas de uma ilusão palpável, de um tempo em que eu estou lá e tu sabes que eu vou lá estar.
São estas as linhas do teu rosto. Esse rosto suave e forte. De linhas marcadas do tempo que nele diz tudo. Que terá ele a dizer sobre o tempo? Essas respostas caladas? Esses rasgos de vontade…
São estas as linhas das tuas mãos. Essas mãos que criam o mundo. Um mundo de melodias cromáticas, de sons visuais, de imagens, imagens de uma estabilidade desiquilibrante… De um nascer de várias linhas.
São estas as linhas dos teus olhos. Esses olhos de vela a arder, de lua escondida atrás das nuvens à espera de ser descoberta num rasgo de ousadia de quem se atreva a olha-la.

São estas as linhas dos instantes, dos momentos, dos silêncios e das palavras, dos cheiros e dos toques, dos segundos e das horas, dos mistérios e das descobertas que vão rasgar a nossa vida com dúvida e vontade, querer e desejar, desvios e caminhos, casebres e palácios, dor e e reconhecimentos, morte e renascimento.

domingo, 17 de maio de 2015

One day I will find the right words, and they will be simple

"One day I will find the right words, and they will be simple."
                                                                       
                                                                           Jack Kerouac


segunda-feira, 4 de maio de 2015

Como se escreve saudade?

- Como que escreve "saudade"?
- Com o coração
               
                    Caio Augusto Leite